segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Evento abre o ano chinês do cavalo

O ano chinês do cavalo se inicia no dia 31 de janeiro de 2014. A tradição na China é festejar a passagem do ano uma semana antes da virada, chamado de Festival da Primavera, o maior e mais longo feriado asiático.
O Cavalo será o regente no ano de 2014.
O Núcleo Belo Horizonte da Moy Yat Ving Tsun reuniu alguns de seus discípulos e alunos, para dar início oficial à tão importante e tradicional momento da cultura chinesa. O local escolhido para iniciar as festividades de ano novo foi o Mo Gun particular do Mestre Anderson Maia, localizado na cidade de São João del Rei - MG.

O encontro, organizado pelo coordenador do núcleo, Thiago Rochael, além de ter propiciado momentos de aprendizagem informal e confraternização, serviu também para um estudo aprofundado do nível intermediário do Ving Tsun - o Cham Kiu, atendendo a necessidade de muitos que prestigiaram o fim de semana. 
A Família Moy On Da San no Mo Gun de SJDR-MG (sentados: Rodrigo Giarola, Peter Castro, Si Fu Anderson e Si Mo Carla)
Estiveram presentes os discípulos da Família Moy On Da San, Pedro Gontijo, Pedro Naves e Helder Lima, além dos alunos Thiago Lima, Lúcia Morgado, Thiago Rochael, Tatiana Cintra, Túlio Castanheira, Paulo Costa, Felipe Menezes e Felipe Lima, além de Márcio Bessa, este aluno do Mestre Nataniel Rosa de Brasília, atualmente estabelecido no sul de Minas Gerais. Como convidados especiais, foram chamados os tutores sêniores Peter Hutchinson e Rodrigo Giarola.
A véspera do maior feriado chinês: ruas lotadas preparando a chegada do novo ano.
Os eventos do ano novo chinês, tal qual na China, continuarão na Moy Yat Ving Tsun, culminando numa bela cerimônia e tradicional jantar, previsto para o dia 13 de fevereiro, quando se encerra o Festival da Primavera, ou como dizem os chineses, hora de "apagar as lanternas vermelhas" e deixar que o Cavalo comece a reger o novo ano.

Desejamos à todos "Gung Hei Fat Choi"! 

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

The Grandmasters concorre ao Oscar 2014

A última produção cinematográfica sobre o Patriarca Ip Man - The Grandmasters, do aclamado diretor chinês Wong Kar Wai, entrou na lista de concorrentes do Oscar 2014, o mais prestigiado prêmio do cinema no mundo.
Wong Kar Wai com os protagonistas do filme, além do diretor de fotografia, Philippe Le Sound.
O filme, lançado em janeiro de 2013, participou de diversas premiações na Europa e na Ásia, sendo destaque no Festival de Berlim, na Alemanha, e do Festival de Cannes, na França. O chamado "Oscar Asiático", o Hong Kong Film Award, a película do Ving Tsun saiu premiada, em diversas categorias, inclusive de melhor filme e diretor.

A grande academia da premiação norte-americana, curiosamente não indicou o filme de Wong Kar Wai para o Oscar de melhor filme estrangeiro, como se esperava. The Grandmasters foi indicado na categoria Melhor Fotografia e Melhor Figurino.
A sutileza da luz, para dar força à postura...
... e a subjetividade do enquadramento, para aprofundar um contexto.
Wong Kar Wai e sua equipe sempre produziram filmes com foco na plasticidade dos cenários e a interação com os personagens. Neste filme, os demorados e subjetivos enquadramentos, para que sutis detalhes, por si só, pudessem explicar um sentimento ou uma efetiva ação. Neste contexto, o diretor chinês conseguiu uma grande aproximação com a eficácia de combate preconizada no Ving Tsun.
O belo figurino do filme, representado pelas damas chinesas de Foshan, nos anos 20.
Quanto ao figurino, o filme enfatiza o período da aristocracia chinesa, antes da guerra, quando o Ving Tsun de Ip Man, este ainda jovem, era chamado pelo círculo marcial e pelas elites de Foshan de "siu ye kuen", ou "a arte marcial dos jovens senhores".

Um momento de grande refinamento, expressado pela arte de se vestir e do rigor da etiqueta social daquela época, onde o patriarca viveu. Abaixo, Ip Man - como personagem e na vida real - trajado com o elegante e formal Cheung Sam, nobre até os dias atuais, em alguns meios na China.
  

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Morre o mais velho discípulo de Ip Man

Grão-Mestre Lun Gai (倫佳) faleceu no último sábado, 4/jan. Ele contava com 88 anos de idade e era, até então, o mais antigo discípulo vivo do Patriarca Ip Man, permanecendo por toda a vida em Foshan.
Grão-Mestre Lun Gai (1928-2014) em sua residência na China. Foto de nov/2012.
Lun Gai tornou-se discípulo de Ip Man muito jovem, em 1942, no conturbado momento em que a China fora invadida pelos japoneses, dando início (em 1937) a uma grande guerra. Foshan, cidade meca do Kung Fu no Sul, sofrera um caos social muito grande, mas não o bastante para aniquilar a cultura marcial e os clãs do Ving Tsun vigentes.

O Patriarca Ip Man transmitia na famosa fábrica de algodão de Foshan. Lun Gai, que era empregado da empresa, se empenhava para aprender o Ving Tsun, juntamente com um seleto grupo, onde se destacavam, além dele próprio, mais dois: Gwok Fu (郭富) e Jau Gwong Yiu (周光耀), este último filho do dono da referida fábrica e primeiro aluno de Ip Man desta época.
Imagem atual da rua onde a antiga fábrica estava instalada (Foshan - 2012).
A transmissão na "Luen Cheung Cotton Mill" se dava de forma secreta, devido à proibição japonesa, fato que levou à Ip Man pedir para que seus alunos o tratassem não com o termo tradicional de referência a um mestre - Si Fu -, e sim apenas como Man Suk, ou seja, o Tio Man. Assim foram os primeiros e difíceis anos...
Reprodução, concedida por GM Lun Gai, de um porta-retrato em sua residência.
Em 1949, o Patriarca imigrou para Hong Kong, deixando em sua terra natal alguns discípulos. Os chineses estavam recuperando suas vidas, em meio à revolução maoísta, e isto fez com que os grupos de Ving Tsun e o círculo marcial se dispersassem. Lun Gai seguiu sua vida, preservando o Ving Tsun de Ip Man de forma sigilosa e modestamente. Eram tempos tão tortuosos que ele fora reencontrar seu grande irmão-kung fu Gwok Fu somente em 1958, após incansável busca. Eles então se mantiveram amigos e muito próximos por toda a vida, em Foshan.
Discípulos de Ip Man (ao centro Lun Gai e Gwok Fu), em Foshan.
Vieram os anos 60, e a China sofreu mais uma vez com a Revolução Cultural. O exército vermelho proibiu a transmissão do Kung Fu, em qualquer circunstância. Lun Gai e Gwok Fu, além de outros, mantiveram o legado do Ving Tsun, ensinando secretamente, em casa, para os jovens filhos e alguns poucos de muita confiança.
Fachada da pequena e antiga sala de transmissão de GM Lun Gai.
Com a abertura econômica da China, em 1978, o círculo marcial de Foshan passou a respirar novos ares. Foi nesta época que Lun Gai, já um mestre tradicional, tornou-se instrutor, agora com o apoio governamental, chegando a ter mais de 300 alunos diretos. Uma nova China surgia e amantes do Kung Fu de todo o mundo estavam, ano após ano, descobrindo o universo, até então isolado, do Ving Tsun de Foshan.
Lun Gai ao lado dos mestres Pete, Miguel e Victor, dos EUA, no Ip Man Tong, em 2002.
Em 2002, com a inauguração do Ip Man Tong (Ip Man Museum), Lun Gai consagrou-se como um Grão-Mestre de reconhecimento mundial, sendo um dos poucos discípulos do Patriarca Ip Man a ganhar destaque especial na sala principal do museu em Foshan. Ele já contava também com discípulos em diversas partes do mundo. Em seu seio natalino, o filho, Lun Chi Hung, dava início a um novo trabalho, introduzindo o Ving Tsun aos jovens chineses, que pouco sabiam do antigo círculo marcial da cidade, no início do século XX.
A escola do filho, Lun Chi Hung, em visita do Clã Moy Yat, em 2012.
Além do filho, Si Fu Lun Chi Hung, Grão-Mestre Lun Gai formou uma importante figura do Mo Lam atual, erguendo uma mulher nesse cenário: sua discípula Ip Ji Jue é uma das grandes lideranças das artes marciais cantonesas.
Sra. Helen Moy, líder do Clã Moy Yat, com GM Lun Gai, em 2006.
Nós, da Família Moy Yat, temos a Si Fu Ip Ji como nossa anfitriã em Foshan. Foi ela que nos aproximou de Grão-Mestre Lun Gai, em pelo menos três ocasiões: em 2006, 2009 e 2012, nas viagens oficiais do Clã Moy Yat à China. Maravilhosas entrevistas, históricas agora, foram registradas nestes encontros. Antes disso, o primeiro contato com o respeitado discípulo de Ip Man se deu ainda em 2002, na supracitada inauguração do museu de Foshan.
O Clã Moy Yat na residência de GM Lun Gai, em 2009.
O grande legado e o imensurável exemplo de simplicidade e superação do Grão-Mestre Lun Gai jamais se apagarão da memória dos praticantes de Ving Tsun, tornando-o um ícone atemporal para as artes marciais.
O último encontro da Família Moy Yat com o GM Lun Gai, em 2012.
Que viva para a eternidade, meu Si Baak Gung Lun Gai!

Anderson Maia (Moy On Da San), discípulo de Leo Imamura (Moy Yat Sang), do Clã Moy Yat.