sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Tertúlia Marcial sobre o bastão do Ving Tsun

Tertúlia é um encontro de pessoas que periodicamente definem um local para discutir idéias e disseminar conhecimentos. Essa proposta de reunião faz parte do Kung Fu e das Artes Marciais Chinesas desde a antiguidade, à época das Tríades, as "Sociedades Secretas" chinesas.
Grão-Mestre Ip Ching recebendo a família Moy na histórica residência do Patriarca Ip Man.
A foto acima refere-se a um encontro de mestres e tutores brasileiros da família Moy, que estiveram em Hong Kong na histórica residência do Patriarca Ip Man, em outubro de 2012, recebidos pelo Grão-Mestre Ip Ching, filho do patriarca. O caráter reservado da reunião e os raros assuntos abordados, pode-se dizer que esse memorável dia ocorreu uma "tertúlia marcial".
Os mestres Anderson Maia e Leonardo Mordente na tertúlia sobre o bastão longo.
O hábito de reunir grupos regularmente, de todas gerações, se mantém na MYVT Belo Horizonte, através da iniciativa dos mestres Anderson Maia e Leonardo Mordente. Nessa semana, os tutores ativos Pedro Gontijo, Paulo de Figueiredo, Pedro Naves, Luiz Flávio Gomes, Helder Lima e Thiago Rochael foram convidados pelos citados mestres para a tertúlia "Luk Dim Bun Gwan", sobre o bastão longo do Ving Tsun. A obra do Patriarca Moy Yat sobre o tema serviu como referência para a conversa, ocorrida no restaurante chinês Yun Ton.
Livro do bastão longo do Ving Tsun (Moy Yat, 2000).
A tertúlia também serviu para anunciar a produção do bastão longo, seguindo rigorosos padrões de qualidade preservados pelos mestres de Kung Fu. O artesão será o tutor Luiz Flávio, discípulo do Si Fu Anderson Maia desde 2003. Referências dentro e fora da família Moy estão sendo estudados. O famoso "rei do bastão", o Grão-Mestre Tang Yik, serviu como exemplo mais distante.
Tang Yik, o "rei do bastão" em tertúlia marcial de Hong Kong.
A Tertúlia Marcial do Luk Dim Bun Gwan terá sua segunda parte no mês que vem, agora com abordagem prática do bastão longo do Ving Tsun. Por que o que é bom e tradicional no Kung Fu deve-se continuar promovendo.

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sábado, 22 de outubro de 2016

Comédia "Shaolin do Sertão" é uma homenagem à popular série "Kung Fu"

Antes de Bruce Lee (Lee Jun Fan) se tornar celebridade, no início dos anos 70, ele havia atingido alguma fama na TV americana, principalmente atuando como Kato, o mordomo-lutador da série Besouro Verde (The Green Hornet TV Series - 1966):


Apesar do relativo sucesso, o Besouro Verde não resistiu ao seriado Batman e saiu do ar. Porém, a aparição de Bruce Lee como Kato deu alguma visibilidade ao jovem ator, possibilitando ele mostrar aos produtores alguns roteiros, na esperança de emplacar sua carreira artística. Dentre os projetos, Lee apresentou "The Silent Flute" e "The Warrior". Ambas histórias não foram aceitas, e um dos motivos era que nenhum estúdio confiava que Bruce Lee, um chinês de estatura baixa e sotaque, poderia cativar a audiência norte-americana. O fato é que ambas produções foram a público nos anos 70, após o estrelato do "Pequeno Dragão" nos cinemas, porém, sequer mencionaram o nome do idealizador. Nesse hiato entre o Besouro Verde e o cinema asiático, Bruce Lee demonstrou suas habilidades e idéias, já batizada de Jeet Kune Do, na série de TV Longstreet (1971):


A série "The Warriors" foi renomeada para "Kung Fu", em 1972, apresentando o ator norte-americano David Carradine como protagonista, alheio a qualquer menção do criador. Bruce havia idealizado o cenário e o episódio piloto: passado no velho-oeste americano, onde um imigrante chinês seria um forasteiro, após viver na China e ter aprendido Kung Fu com um sábio mestre do Monastério Shaolin. O sucesso da série Kung Fu espalhou-se pelo mundo. Foram 3 anos de produção e, mesmo após décadas, a série do "sábio Mestre Po" e do "pequeno gafanhoto" até hoje é reprisada, influenciando o universo da ficção marcial:


Toda essa "herança" do início dos anos 70, fazendo uso do Kung Fu em suas diversas facetas, teve um renascimento no ano de 2003 quando o diretor Quentin Tarantino lançou o filme Kill Bill (Vol. 1 e 2), uma real homenagem aos ícones marciais do anos 60 e 70, onde o principal, sr. Bill, foi protagonizado pelo ator David Carradine:


No Brasil, tais ícones parecem ter ressurgido, bem ao estilo "brasileiro-nordestino", com a boa comédia "Shaolin do Sertão", que estreou com grande sucesso nos cinemas de todo o Brasil. Uma clara homenagem ao passado, provando que, não importa o ambiente, a cultura e a época, o Kung Fu move a sociedade das mais diversas maneiras, até mesmo de forma puramente cômica.



sábado, 15 de outubro de 2016

Tributo ao Patriarca Ip Man

No dia 10 de outubro de 1893 nascia Ip Man, na cidade de Foshan, Sul da China. Filho de uma família aristocrata, ele ainda criança foi aceito como discípulo de Ving Tsun do Patriarca Chan Wa Sun, sendo o último dos apenas dezesseis seguidores. Tais praticantes de Ving Tsun ficaram conhecidos no início do século XX como "Siu Ye Kuen", os "jovens cavalheiros marciais". Esse prestígio ainda jovem se estendeu por toda a vida do patriarca, mesmo nas maiores adversidades vividas na época, da guerra sino-japonesa à imigração dos chineses para Hong Kong, até o fim de sua vida, em 1972.
Foto de um evento organizado por Moy Yat nos anos 60 (sentado à esquerda do Patriarca Ip Man)
O grande Clã Moy Yat presta respeito ao oitavo patriarca do Ving Tsun Kung Fu, como forma de tributo, no dia de seu aniversário. Essa homenagem tem seus primórdios ainda em Hong Kong, quando o então discípulo de Ip Man, Patriarca Moy Yat, era o principal organizador da festa de aniversário do grande mestre, reunindo centenas de pessoas da comunidade marcial da ilha britânica.
Bruce Lee tornou Ip Man conhecido mundialmente, ainda nos 60.
Se foi Bruce Lee o responsável pela fama mundial do Patriarca Ip Man, o status local, em Foshan e Hong Kong, nada tem haver com seu célebre discípulo, havendo muito antes dos anos 60 um grande prestígio no círculo marcial e na sociedade chinesa, conquistada pelo carisma e potencial humano do grande mestre, nunca através de combates marciais ou qualquer demonstração de habilidades físicas. O Museu de Ip Man em Foshan (Ip Man Tong) expressa parte dessa importante personalidade chinesa (vide http://www.foshanmuseum.com/ymt/ymt.htm).
Os seis principais filmes sobre o Patriarca Ip Man, entre 2008 e 2015.
No século XXI, com o advento dos filmes, o papel das famílias tradicionais de Kung Fu, em especial à Moy Yat Ving Tsun, pelos estreitos laços entre o mestre e o discípulo durante anos de convivência rotineira, é de preservar o Homem Ip Man, separando do mito que está se criando. Um legado cultural de Artes Marciais se perpetua não de histórias fictícias e lendas, mas acima de tudo da salvaguarda do conhecimento através do aprendizado e da relação diária.
Noite em que se prestou homenagem ao Patriarca Ip Man na MYVTMI Belo Horizonte.
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