sexta-feira, 28 de junho de 2013

Tributo ao Grão-Mestre Moy Yat

O grande Clã Moy Yat tinha o mês de junho como o de maior ascensão do ano. Isto por que seu líder, Grão-Mestre Moy Yat (1938-2001), comemorava seu aniversário no dia 28 deste. Era o momento em que todos os seus descendentes, em todo o mundo, viajavam para New York a fim de celebrar mais um ano de vida deste prestigiado artista marcial chinês. Foram assim nos anos 70, 80 e 90, até a sua partida, em 2001.
Grão-Mestre Moy Yat e seu antigo discípulo Micky Chan, como Mestre de Cerimônia do aniversário de 97.
Dentre muitas celebrações, uma representa bem a importância deste Grão-Mestre para o círculo marcial contemporâneo. O evento foi em junho de 1997, quando Moy Yat celebrou o seu aniversário e também a sua aposentadoria, no completar dos seus sessenta anos.
Grão-Mestre Moy Yat em junho de 1997: aniversário e aposentadoria aos 60 anos.
Chinatown de Manhathan, New York, foi o cenário desta grande festa, que reuniu quase mil pessoas. Foi também a primeira vez que a Moy Yat Ving Tsun do Brasil viajou com um grande número de membros, a convite do mestre Leo Imamura, discípulo de Moy Yat, que jamais perdeu um aniversário de seu mentor, desde o seu ingresso na família kung fu, em 1987.
A comitiva brasileira no aniversário de 60 anos do Grão-mestre Moy Yat.
Moy Yat, antes de receber tamanho prestígio, era o discípulo do patriarca Ip Man que organizava o aniversário deste último, em Hong Kong, nos anos 60. Sabia como ninguém organizar uma festa e tinha ciência que, principalmente naquela época, do disputado Mo Lam (círculo marcial), uma grande e bem organizada celebração daria o devido lugar ao seu Si Fu (mestre), como líder de um Si Mun (família kung fu) e notório membro da sociedade chinesa. A festa de Ip Man chegou a ocupar seis andares de um mesmo prédio, do famoso restaurante King Wah de Hong Kong, na avenida Nathan Road.
Entrada do grande "King Wah Restaurant", na Nathan Road, Hong Kong (foto de 1963).
Segundo os relatos do próprio Moy Yat, tal celebração em Hong Kong reunia tradições do Kung Fu e também protocolos ocidentais, já que os chineses desta ilha britânica passavam por transformações sociais. A banda de música, por exemplo, eram duas - uma chinesa e outra ocidental, a primeira agradando aos mais conservadores, como o aniversariante Ip Man, e a outra aos chineses mais modernos, que estavam tomando gosto pelo ocidente.
Brinde entre os convidados e discípulos do aniversário de Ip Man, nos anos 60. 
Alguns protocolos não podem faltar em uma festa de um líder do Kung Fu. Inicia-se com o Mestre de Cerimônia, geralmente o aluno mais velho - o Daai Dai Ji (o mais antigo discípulo de um mestre). Assim, são apresentados os discípulos mais antigos e os convidados de honra, enquanto as entradas e drinks já estão à mesa. Uma típica demonstração de Kung Fu, primeiro da própria linhagem e depois de outros estilos de Kung Fu, fazem parte da etiqueta. A Dança do Leão, no passado, também aparecia com frequencia. Vem o jantar, normalmente entre oito e treze pratos típicos, todos equilibrados e com auspicioso simbolismo. O Chef do restaurante oferta pratos especiais para o aniversariante, sempre meticulosamente decorados com temas, em sua homenagem. Durante os serviços, discretamente, uma mesa se levanta e os convidados dela cercam o felizardo do dia e, com as suas taças, desejam saúde e felicidade. Os hung bao (envelopes vermelhos da sorte) são entregues neste momento, sem alardes. Cada mesa procede assim, medindo o tempo, para que o aniversariante desfrute da festa e não se sinta incomodado. Enfim, o bolo é deixado em local de destaque, com os Baat Jaam Do (facas de corte) à disposição na mesa, esta coberta com toalha vermelha. Após as saudações, o aniversariante corta o bolo, mostrando sutileza e habilidade. As facas são retiradas imediatamente do local pelo Daai Dai Ji (elas podem indicar "energia assassina" que não convém ao dia). O aniversariante faz o seu depoimento, em agradecimento à festa e aos convidados. Um dos discípulos entrega o tecido de seda vermelho, com a assinatura colhida dos convidados presentes e as palavras gravadas de felicitações, como recordação daquele dia. A banda de música então toma conta do lugar, até que o salão evacue. Os convidados levam sempre uma recordação para casa, um pequeno adorno com o registro do aniversário.
Ip Man e o jovem Moy Yat, que organizava os aniversários do patriarca.
Tamanha dedicação de Moy Yat à Ip Man, em seus aniversários e no dia a dia, somente poderia resultar num mesmo apreço dos seus discípulos nas décadas posteriores, em New York. O aniversário de Moy Yat de 1997, assim como muitos outros, eram uma reprodução das festas de Ip Man dos anos 60. Uma prova que no Kung Fu as coisas sempre andam de mãos dadas, quando se tem o Sam Faat, ou seja, o "método do sentimento" envolvido.
Sra. Helen Moy em seu aniversário, com os principais discípulos de Moy Yat.
Atualmente, o grande Clã Moy Yat faz do aniversário da viúva do Grão-mestre, Sra. Helen Moy, no mês de novembro, o seu gesto de união e força. É assim que o legado de Moy Yat continua vivo. É desta forma que os descendentes e admiradores do Grão-Mestre continuarão a celebrar o seu saudoso aniversário...

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Família Moy On Da San completa 10 anos

A Família Moy On Da San, liderada pelo Si Fu Anderson Maia, recebeu autorização para ser fundada em 15 de março de 2003, quando o Mestre Leo Imamura, líder do Clã Moy Yat Sang, outorgou o Jiu Pai (placa tradicional chinesa de transmissão do legado) e titulou o primeiro grupo de mestres da América do Sul.
Anderson Maia em sua titulação de mestre, em 2003.
Naquela época, o Núcleo Belo Horizonte, sediado no bairro Savassi e dirigido por Anderson Maia (hoje se mantém tal direção porém estabelecido no bairro Sion), contava com sólido trabalho entre os membros de 11a. geração, que estariam aptos a receber uma nova geração, no caso, a Família Moy On Da San, estes representantes da 12a. geração de nossa genealogia.
A primeira cerimônia da Família Moy On Da San, em 4 de julho de 2003.
Esta nova geração se deu com a admissão dos primeiros alunos diretos do Mestre Anderson, dentre eles, Pedro Gontijo, que mais tarde passou a ser considerado o Daai Dai Ji (o primeiro Si Hing de uma família Kung Fu). Si Fu Anderson Maia escolheu a data de 4 de julho de 2003, dia que há muito se celebra mundialmente o Memorial do Ving Tsun, para realizar a I Cerimônia Tradicional da Família Moy On Da San, em Belo Horizonte.
O homenageado Pedro Gontijo (ao centro), com seu Si Fu, Si Mo e mais dois membros decanos, Paulo de Figueiredo e Pedro Naves, da Família Moy On Da San.
Em 2013, portanto, dez anos passados, foi celebrado o primeiro membro decano da Família Moy On Da San. Pedro Gontijo, que durante esta jornada consagrou-se membro vitalício, tendo o nome chinês "Moy Go Ji", recebeu das mãos de seu Si Fu e Si Mo - Anderson Maia e Carla Maia - uma homenagem especial por esta conquista, laudeado por membros e tutores das duas gerações que compõem o Núcleo Belo Horizonte da MYVTMI.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Diálogos Marciais - Parte 3

Nesta última parte da entrevista do Mestre Leo Imamura, o "diálogo marcial" citará temas também abordados por grandes sinólogos do ocidente, importantes filósofos europeus que se voltaram para o estudo do pensamento clássico chinês, como por exemplo François Jullien ou Marcel Granet.

François Jullien, autor de Tratado da Eficácia, livro referência sobre o pensamento chinês.
Assista acessando o link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=BcKMVlDLnoU


terça-feira, 11 de junho de 2013

Seminário de "Siu Nim Tau" no Rio de Janeiro

A convite da Mestra Úrsula Lima (Moy Lin Mah), diretora do Núcleo Copacabana - Rio de Janeiro, o Mestre Anderson Maia se deslocou de Belo Horizonte até a capital fluminense, a fim de acompanhar o Mestre Sênior Leo Imamura, este ministrante do Seminário de Tutorização do Siu Nim Tau, o nível básico do Sistema Ving Tsun. O evento foi organizado pelos membros da Família Moy Lin Mah e se realizou no Hotel Othon de Copacabana.
O Seminário com dezenas de membros dos núcleos do Rio de Janeiro.
Dos assuntos inerentes ao domínio inicial do Ving Tsun, o de maior destaque entre os participantes foi sobre a estratégia chinesa que visa obter potencial ainda no estágio "não aparente" (em chinês Yau). Enquanto na cultura ocidental, a estratégia está pautada numa ação declarada, ou seja, a ação "aparente e planejada" com iniciativa e recursos próprios (em chinês Ming), o estrategista chinês tenta perceber as condições favoráveis para uma ação, ainda antes dela ser iniciada, percebendo o seu estágio latente e não devidamente configurado, apossando-se dos recursos externos. Segundo o próprio ministrante: - "Na condição invisível, o estrategista pode "agir" sem que haja maiores resistências, já que nada ainda foi deflagrado e externado por você, não havendo assim uma tentativa do outro conflitar e de contradizê-lo".
Mestre Leo Imamura e sua amostra gráfica sobre os estágios invisível e visível de uma ação.
Esta característica de explorar o potencial da situação antes de agir propriamente, permite usar melhor os recursos externos disponíveis, fazendo ficar fácil atingir o efeito. Apoiar-se nestes recursos externos e não usar o seu próprio recurso é o que, no dialeto cantonês, chama-se Noi Lik, aquilo que chamamos de energia interna (em contraposição à energia externa, Oi Lik). O papel do Siu Nim Tau no Sistema Ving Tsun é saber aproveitar ao máximo a energia interna, algo de entendimento confuso no círculo marcial nos dias de hoje.

O Seminário contou com membros antigos e novos dos núcleos licenciados do Rio de Janeiro (Barra da Tijuca, Copacabana e Méier), tendo também a participação especial do Mestre Julio Camacho, o primeiro mestre qualificado da Moy Yat Ving Tsun deste Estado.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Diálogos Marciais - Parte 2

Acompanhem a segunda parte da entrevista do Mestre Leo Imamura sobre o Sistema Ving Tsun e as idéias preservadas por Grão-Mestre Moy Yat, através do aprendizado, ao longo da década de 60, com o Patriarca Ip Man, em Hong Kong:

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=X_oVWpkReXA

https://79dfcd5c-a-4a14eea9-s-sites.googlegroups.com/a/txkungfu.com/texas/the-legacy/group_1_lg.jpeg?attachauth=ANoY7cqvs2Nz0JP6FR4ueuucZmEXKWdhv53TanwBHNJJKvmYA0t0rXKWxivyF0toNzaO3tkiBdVOnoa0h2DPINzxPuSqS2-QpqkwjAZ8_t_sPrdhI2gme3qOKU7KQeuCutHCvLLia5SKoAMMo-Hg8-Q9ZLpsprwoJ7oXhrOYweZxFnzPP1iWt3DkFsrJlikdTyhcbSbZa6IyUJT64hmbtlII90gVDYqD_g%3D%3D&attredirects=0
Patriarca Ip Man e seus discípulos, dentre eles Moy Yat, em uns dos inúmeros "diálogos marciais" em Hong Kong.