segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

40 anos de filmes sobre o Ving Tsun

Os seis filmes* sobre o patriarca Ip Man lançados nos últimos anos, levantou uma febre do Ving Tsun, atingindo não apenas os praticantes de Kung Fu, mas também o grande público, levando à grande exposição da nobre arte chinesa.

No entanto, há décadas os longa-metragens, que mencionam a vida dos ancestrais do Ving Tsun, fazem sucesso na China. Destacamos abaixo as principais produções cinematográficas, que são grande audiência, desde os anos 70, quando Bruce Lee, o mais célebre discípulo de Ip Man, faleceu e o estilo propagou-se no mundo:

1974 - Five Shaolin Masters: filme que retrata as origens do Ving Tsun, à época da destruição do monastério Shaolin e seus cinco antigos, ainda que nele, não há menção à famosa monja Ng Mui, mestra da fundadora Yim Ving Tsun.
1977 - Stranger from Shaolin: pela primeira vez, são retratadas as formas do Ving Tsun, além do boneco de madeira - Muk Yan Jong, com a figura da fundadora, a mestra Yim Ving Tsun.
1978 - Warrios Two: grande clássico do cinema. O filme começa citando o primeiro período da genealogia do Ving Tsun e continua sua trama enfatizando a relação entre o patriarca Leung Jaan e seu mais importante discípulo, Chan Wa Sun.
1982 - The Prodigal Son: seguindo a produção supracitada, este grande sucesso destaca o período dos ancestrais do Ving Tsun no século XIX, centralizada no "Rei de Foshan", o patriarca Leung Jaan.
1994 - Wing Chun: filme mais famoso sobre o Ving Tsun dos anos 90. Os ancestrais são representados por dois promissores atores chineses: os hoje aclamados Donnie Yen e Michelle Yeoh.
1976 - Bruce Lee: the man, the myth: antiga produção que reproduz a vida do jovem Bruce Lee aprendendo Ving Tsun em Hong Kong. O curioso deste filme é que o patriarca Ip Man é representando pelo seu próprio filho, o Grão-mestre Ip Chun.

*NOTA: os seis novos filmes sobre Ip Man, mencionados no início da matéria, são: Ip Man (2008, dir. Wilson Yip); Ip Man 2 (2010, dir. Wilson Yip); Ip Man, The Legend is Born (2010, dir. Herman Yau); Ip Man, The Final Fight (2013, dir. Herman Yau); The Grandmaster (2013, dir. Wong Kar Wai); Ip Man, Is the Man (2011, série de TV chinesa).

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Auspicioso evento encerra o ano de 2013

Os membros do Núcleo Belo Horizonte presentes no jantar de encerramento do ano de 2013 (foto: Alessandro Cerri).
O dia 11/12/13, data que contém forte simbolismo na China, foi escolhido para encerrar oficialmente as atividades do ano de 2013 do Núcleo Belo Horizonte da Moy Yat Ving Tsun Martial Intelligence.

Quando uma data contém seguidamente o "1, 2 e 3", tais algarismos representam as três potências "céu-terra-homem". Em um texto clássico do Grão-Mestre Moy Yat, ele explica que uma situação precisa estar "protegida" por estas três virtuoses: O céu são as coisas intangíveis que toda ação implica ter para se tornar viável. A terra compete as condições materiais adequadas para uma boa realização. E o homem é saber que você e suas relações são benéficas para que algo ocorra com êxito.

A noite de despedida de 2013 da Família Moy em Minas Gerais foi tão auspiciosa quanto o seu início. O ano da serpente começou para o Núcleo Belo Horizonte e seus membros com a incumbência de receber o grande Clã Moy Yat para realizar o cinquentenário do Mestre Leo Imamura. Um evento histórico e com desfecho feliz para a Moy Yat Ving Tsun (http://www.myvt-bh.blogspot.com.br/2013_04_01_archive.html).

O último evento de Minas Gerais, realizado no restaurante chinês Yun Ton, no bairro de Lourdes da capital mineira, foi aberto com a exposição anual do Mestre Anderson Maia sobre o mais sigiloso e raro acesso do Sistema Ving Tsun: as facas, conhecidas como Baat Jaam Do. Mestre Anderson apresentou aos presentes como se constrói o Kung Fu de um praticante para alcançar o nível de manuseio adequado das facas do Ving Tsun. Primeiro, a trilogia de mãos livres e o acesso ao boneco de madeira. Logo depois, o uso da primeira arma, o bastão longo, que completa a preparação para iniciar o acesso ao Baat Jaam Do, a segunda arma, o último nível. As demonstrações técnicas ficaram a cargo dos tutores seniores Pedro Valadão, Rodrigo Giarola, Ivan Giarola, Tiago Quintela e Oscar Lima.
Mestres Anderson Maia e Leonardo Mordente: sobre as mãos livres e as armas do Ving Tsun.
Além do Mestre Anderson Maia, o evento contou com a presença do Mestre Leonardo Mordente. Como profundo conhecedor da língua chinesa e também do Sistema Ving Tsun, Mestre Mordente chamou a atenção para os Kuen Kuit, os provérbios marciais, que dão referências sobre a eficácia das mãos livres, do bastão e das facas do Ving Tsun.

Após este inédito momento de conhecimento e troca de saberes, os membros do Núcleo Belo Horizonte, muitos deles acompanhados pelos familiares, desfrutaram do jantar chinês, encerrando a noite com uma grande certeza: verdadeiramente, as potências "céu-terra-homem" favoreceram o desenvolvimento da Moy Yat Ving Tsun no ano de 2013, abrindo grande perspectiva para 2014, o esperado ano do cavalo, animal de grande influência para os artistas marciais e guerreiros chineses.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Aniversário da líder do Clã, Helen Moy

No dia 3 de dezembro a viúva de Grão-mestre Moy Yat, Sra. Helen Moy, completa mais um ano de vida. A celebração foi antecedida para o dia 30 de novembro, com evento organizado pela antiga escola do Brooklin de New York, do mestre Miguel Hernández.
Helen Moy e Miguel Hernández, anfitrião da festa organizada por seu discípulo, Johnny Ng.
Desde o falecimento do Grão-mestre, em 2001, o aniversário da atual líder do grande Clã Moy Yat serve como encontro de mestres e descendentes desta linhagem. Membros da Moy Yat Ving Tsun de todo o mundo - Hong Kong, Canadá, Estados Unidos e Brasil - estiveram presentes na celebração, valorizando a figura da respeitada líder.

Helen Moy, líder do Clã Moy, cercada pelos mais antigos mestres, em seu 73o. aniversário.
A Sra. Helen Moy conhece a fundo a trajetória de seu marido, desde Hong Kong, quando Moy Yat se tornou discípulo do patriarca Ip Man, em 1957. Em 1973, Helen Moy também migrou para os EUA, contribuindo para a fundação da histórica Moy Yat Ving Tsun Special Students Association.

A figura feminina da líder Helen Moy, ao lado de mulheres praticantes de Ving Tsun.
Do Brasil, o Mestre Leo Imamura, sempre presente neste encontro anual na cidade de New York, esteve acompanhado dos seguintes discípulos brasileiros: Mestre Nataniel Rosa, diretor do Núcleo Brasília; Mestra Úrsula Lima, diretora do Núcleo Rio de Janeiro Copacabana; Mestre Washington Fonseca, diretor do Núcleo São Paulo Brooklin. A comitiva brasileira foi acolhida, durante turnê de oito dias, por quatro renomados mestres norte-americanos: William Moy (http://moyyatvingtsunkungfu.com/), Henry Moy (http://www.moyyee.com/), Pete Pajil (http://www.vingtsun-usa.org/) e Miguel Hernández (http://www.nycvingtsun.com/Welcome.html).

O salão da festa, onde a comitiva brasileira se juntou aos membros da MYVT de todo o mundo.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Patriarca Ip Man, seu falecimento em 1/dez/1972

No primeiro dia de dezembro do ano de 1972, falecia o grande mestre Ip Man, patriarca da 8a. geração do Ving Tsun Kuen.

Moy Yat, à direita, com a faixa branca de luto: indumentária para os discípulos diretos.
Grão-mestre Moy Yat foi um dos discípulos presentes neste momento triste do círculo marcial chinês e do Kung Fu mundial. Anos mais tarde, ele, um dos principais herdeiros de Ip Man, publicou em sua obra "Ving Tsun Kuen Kuit" o seguinte verbete sobre tal episódio:

- "Meu Sifu, Grão-Mestre Yip Man, morreu em 1° de dezembro de 1972, às 17h45, com a idade de 81 anos. A cerimônia foi realizada na Casa Funerária de Kowloon, no dia 5 de dezembro, às 13h30. Às 14h00, seguimos para a colina Fun Ling. Moy Yat registra isso com lágrimas".

A Casa Funerária de Kowloon fica em Hong Kong, sendo uma das maiores deste ramo, na ilha chinesa. Milhares de pessoas foram prestar homenagem ao grande patriarca do Ving Tsun. Como sugere a tradição em cerimônias fúnebres chinesas, os convidados envolvidos recebem distinções, sendo o traje um dos detalhes que servem como diferencial, para medir o grau de relacionamento com o falecido, dentre outros simbolismos.
A casa funerária de Kowloon, onde Ip Man foi velado em 1972.
Discípulos diretos do patriarca Ip Man receberam uma faixa branca na cintura. Discípulos de segunda geração, uma faixa menor, negra, era colocada no braço, sob uma camisa branca. Ao contrário de outras culturas, o branco, não a cor preta, representa o luto para os chineses.

Discípulos na porta da casa funerária, aguardando a saída do féretro.
Após o velório, o corpo do patriarca seguiu para Fanling, outra região de Hong Kong, conhecida como New Territories, local distante de Kowloon. Neste momento, elegeu-se oito discípulos para carregar o féretro. Moy Yat foi um destes privilegiados, incumbidos em subir a montanha para o ato fúnebre final.
A lápide de Ip Man, no topo de uma montanha (Fanling, Hong Kong).
Mestre Leo Imamura, discípulo de Grão-mestre Moy Yat, talvez tenha sido o primeiro brasileiro a visitar a lápide de Ip Man, ainda no ano de 1987, em sua primeira viagem à China. Ele estivera lá, para prestar respeito, acompanhado do filho mais velho do patriarca, Grão-mestre Ip Chung.

Ip Chung, filho de Ip Man, em imagem registrada por Leo Imamura, em visita à lápide, em maio de 1987.
Hoje, passados 41 anos do falecimento do oitavo ancestral do Ving Tsun Kung Fu, a lápide de Ip Man continua sendo local de grande visitação, de descendentes e admiradores do patriarca, de todas as partes do mundo. Em 2012, mestres e tutores do Núcleo Belo Horizonte também estiveram lá, como símbolo de continuidade, gratidão e respeito póstumo.
Cheng Wing, Anderson Maia, Leonardo Mordente, Peter Castro, Pedro Gontijo e Paulo de Figueiredo (nov/2012).


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Novo portal de internet do Clã Moy Yat Sang

No dia em que o Patriarca Ip Man (1893-1972) completaria 120 anos de idade, o Clã Moy Yat Sang inaugura o seu novo portal da internet, em tributo ao grande mestre do Ving Tsun:


Além de informações básicas sobre a Denominação Moy Yat Ving Tsun e o Programa MYVT de Inteligência Marcial, o website reúne todos os mestres qualificados e núcleos certificados, do Brasil e do exterior, da atual MYVT Martial Intelligence, possibilitando fazer contato direto.


Na home do portal, todos poderão ainda ver o vídeo com o texto de Grão-Mestre Moy Yat sobre a história do Ving Tsun, registrado em pedra. Ele foi narrado em cantonês, pela discípula chinesa do Mestre Leo Imamura, Ming Wan, com legenda em português.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Short News - Setembro de 2013

O ano chinês da serpente tem sido generoso com o Núcleo Belo Horizonte da Moy Yat Ving Tsun: Se não bastasse o Cinquentenário do Mestre Leo Imamura, em março, realizado em Minas Gerais, o mês de setembro trouxe ainda três memoráveis eventos em 2013:
O primeiro, a I Cerimônia de Titulação de Mestre do Estado de Minas Gerais, consagrando o membro vitalício da Família Moy Yat Sang, Leonardo Mordente, como Mestre de Ving Tsun.
O segundo, a celebração do 40o. aniversário do Mestre Anderson Maia, diretor do Núcleo Belo Horizonte e mais antigo membro ativo da MYVTMI no Brasil.
E por fim, o Seminário de Titulação do Nível Avançado, reunindo mestres e mestrandos de diversas cidades. Confiram agora como foram cada um destes momentos:

LEONARDO MORDENTE QUALIFICADO MESTRE DE VING TSUN
Leonardo Mordente, de nome chinês Moy Lei On, tornou-se mestre de Ving Tsun sob os auspícios da International Moy Yat Ving Tsun Federation.
Moy Lei On recebendo de seus mentores a placa tradicional.
A cerimônia ocorreu em Belo Horizonte no dia 27 de setembro de 2013, sendo inédito evento da MYVTMI em Minas Gerais. Leonardo Mordente passa agora ocupar a 15a. cadeira do Conselho de Mestres da entidade.
Mestres Lei On, Lin Dei, Lin Ma, Jo Lei Ou, Na Tan e On Da San com os líderes do Clã Moy Yat Sang.
A trajetória e contribuição do Mestre Leonardo Mordente para o Kung Fu é internacionalmente reconhecida, ao longo destes 20 anos em que ele é discípulo de Si Fu Leo Imamura e de Si Mo Vanise Imamura, estes líderes do Clã Moy Yat Sang.
Dezenas de pessoas prestigiaram a cerimônia de titulação de mestre.
Além dos seus mentores, que outorgaram o título de mestre da MYVTMI, prestigiaram o evento dezenas de pessoas, destacando-se os mestres Anderson Maia (MG), Nataniel Rosa (DF), Julio Camacho (RJ), Ursula Lima (RJ) e Celso Grande (SP). Alexandre Zulato (MG) foi convidado a ser o mestre de cerimônia da ocasião. Personalidades da Moy Yat Ving Tsun estiveram presentes, dentre elas Marcello Abreu (SP), Diego Guadelupe (RJ) e Cristina Azevedo (SP).
Outros membros da MYVTMI de Belo Horizonte, representantes da comunidade chinesa de Minas Gerais, os pais, familiares e amigos do Mestre Leonardo Mordente prestigiaram a cerimônia, marcando a história do Ving Tsun no Brasil.

QUARENTA ANOS DO MESTRE ANDERSON MAIA
Um dia após a cerimônia que reconheceu Leonardo Mordente como Mestre de Ving Tsun, a MYVTMI celebrou os quarenta anos do Mestre Anderson Maia, diretor do Núcleo Belo Horizonte e mais antigo discípulo ativo do Mestre Leo Imamura no Brasil.
Mestre Anderson Maia e sua esposa, Carla Maia, recebendo seu Si Fu e Si Mo.
A festa reuniu mais de cem pessoas, todas elas intimamente ligadas à trajetória de 23 anos do Mestre Anderson Maia na Moy Yat Ving Tsun. Estiveram lá membros dos idos dos anos 90 aos mais novos alunos de Belo Horizonte, ingressados em 2013.

Os atuais discípulos do Si Fu Anderson Maia - Pedro Gontijo, Paulo de Figueiredo, Pedro Naves, Helder Lima, Daniel Balparda, Bruno Moura, Paulo Nolli e Ana Carolina Breyner foram os anfitriões da celebração, que ocorreu na casa Parrilla Los Hermanitos, do chef argentino e grande amigo da Família Kung Fu, Gustavo Roman.
Os membros vitalícios da Família Moy On Da San, ao lado do Si Fu Anderson Maia.
Além dos líderes do Clã Moy Yat Sang, mestre Leo Imamura e Vanise Imamura, prestigiaram o evento importantes dignatários da Moy Yat Ving Tsun no Brasil: Mestre Nataniel Rosa e sua esposa, Patrícia Hallack, de Brasília, Mestre Julio Camacho, Mestra Ursula Lima, Mestre Felipe Soares e sua esposa, Elisa, Diego Guadelupe e sua noiva, Marcela, todos eles do Rio de Janeiro. De São Paulo, estiveram presentes Marcello Abreu, Cristina Azevedo e ainda o Mestre Celso Grande. O Mestre Leonardo Mordente, de Belo Horizonte, completou a lista de honra.

Como diz a tradição, o aniversário de um Si Fu (líder de uma família kung fu) serve não somente para celebrar o data de nascimento do mestre, mas também para reunir às pessoas, como voto de união do grupo e perpetuação do legado marcial. No aniversário de 40 anos do Mestre Anderson Maia, a Família Moy On Da San alcançou este êxito para o grande Clã Moy.

SEMINÁRIO DE TITULAÇÃO DO NÍVEL AVANÇADO
Os atuais requisitos da titulação de mestre da Moy Yat Ving Tsun Martial Intelligence são bem refinados, com instrumentos estratégicos de formação, que melhor preparam um praticante de Ving Tsun para sua futura jornada marcial: a de ser um Mestre da arte.

Um dos critérios previsto no Programa MYVT de Inteligência Marcial está o Seminário de Tutorização, ferramenta para aferir o nível de transmissão de um determinado domínio do Sistema Ving Tsun. Nesta edição, realizada em Belo Horizonte, o domínio escolhido para o seminário foi o Biu Ji, o nível avançado do Ving Tsun Kuen.

Os participantes e convidados especiais para o seminário de nível avançado.
Membros antigos de Belo Horizonte, o atual corpo de tutores de Minas Gerais, se juntaram à mestres e tutores de outros estados, para estudar, durante seis horas seguidas, os avançados conteúdos do Biu Ji. Foram eles que se juntaram ao Mestre Leo Imamura:

- Como convidados especiais:
Mestres Anderson Maia e Leonardo Mordente, de Belo Horizonte.
Mestre Nataniel Rosa, de Brasília.
Mestres Julio Camacho, Ursula Lima e Felipe Soares, do Rio de Janeiro.
Mestre Celso Grande, de São Roque.
Tutor Sênior Diego Guadelupe, do Rio de Janeiro; Tutores Seniores Marcello Abreu e Cristina Azevedo, de São Paulo.
- Tutores seniores de Belo Horizonte:
Ana Paula Mendonça, Peter Castro, Guilherme Freitas, Liana Lott, Rafael Castro, Pedro Valadão, William Nogueira, Rodrigo Giarola, Ivan Giarola, Bruna Piantino, Tiago Quintela, Oscar Lima e Humberto Cotta. 

Experiência de Chi Sau, com o Mestre Nataniel Rosa.
O Biu Ji foi considerado um nível de acesso quase secreto do Ving Tsun, por muitas gerações. A transmissão dos seus conteúdos avançados somente se dava de forma reservada, jamais pública. Foi por causa disto que surgiu a expressão, dentro do círculo marcial chinês: "Biu Ji Baat Jot Mun", ou seja, "Biu Ji não sai da família". Grão-Mestre Moy Yat foi um dos poucos discípulos do Patriarca Ip Man que obteve o privilégio de aprender com profundidade o nível avançado do Ving Tsun.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Moy Yat Ten Times One - Open Book

Durante uma década, Grão-Mestre Moy Yat esteve no Brasil, em seis históricas visitas. O mestre Anderson Maia, diretor do Núcleo Belo Horizonte, era incumbido de ser o fotográfo oficial de Moy Yat, em cada turnê, entre 1990 e 2000.

A fotografia para o Mestre Anderson Maia é como a pintura para Grão-Mestre Moy Yat. Este último, dizia que um artista marcial tinha que cultivar as artes do "Mo" e "MAN", ou seja, as habilidades marciais vigorosas e, a outra, às artes sutis.

O trabalho fotográfico de Anderson Maia sobre o Moy número um no Brasil ganhou uma obra, composta de dez imagens, que representam esta uma década do Grão-Mestre no país. Com o título Grandmaster Moy Yat Ten Times One, a livro contará como foram os seus ensinamentos em cada uma das seis visitas.


O lançamento esta previsto para o dia 10 de outubro de 2013. A data foi escolhida pelo autor por dois motivos: 10/10 é o aniversário do grande patriarca Ip Man e também o dia em que Anderson Maia realizou o seu discipulado de 2a. geração, em 1998, recebendo de Moy Yat o nome chinês Moy On Da San.

A obra contará 63 páginas e apenas 63 unidades em sua primeira edição. 63 é a idade de Grão-Mestre Moy Yat (1938-2001).

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

22 de agosto de 1990, 23 anos atrás (Por Anderson Maia)

Anderson Maia, sentado no chão, abaixo do Mestre Leo Imamura e Grão-Mestre Moy Yat, em 22/8/90.
A foto acima tem uma grande representatividade, pessoalmente e para muitos outros. Era o dia 22 de agosto de 1990, o último dia da primeira visita do Grão-Mestre Moy Yat no Brasil.

O Mestre Leo Imamura, então líder (Si Fu) da recém fundada família Moy Yat Sang, tinha a sua modesta escola (Mo Gun) na cidade de São Paulo. Aquela pequena sala, que com pouca gente já se tornava lotada, aspirava, com convicção, ser a sede da Moy Yat Ving Tsun na América do Sul. 

A autorização de Grão-Mestre Moy Yat para Leo Imamura fundar a família Moy Yat Sang veio em 1988. Em 1989, chegou um documento escrito do Grão-Mestre autorizando seu discípulo brasileiro a utilização da denominação "Moy Yat Ving Tsun" na América do Sul. O coroamento deste processo se deu em 1990, nesta visita de Moy Yat ao Brasil.

Eu era um jovem, com dezesseis anos de idade. Um entusiasta do Kung Fu, que viajava com um grupo de Belo Horizonte, dentre eles Marcone Abdo e Rogério Baeta, na esperança de ser admitido nesta família Kung Fu, do Si Fu Leo Imamura.

Após passar por experiências fascinantes naquela semana, presenciando um seminário de Grão-Mestre Moy Yat para setecentas pessoas num auditório à encontros reservados no Mo Gun, com palestras e também sessões práticas de Ving Tsun, estas ministradas pelo Mestre Miguel Hernández, discípulo de Moy Yat que o acompanhava no Brasil, chegou o último dia do evento, retratado na foto supracitada.

A comitiva de Belo Horizonte se preparava para ir embora, logo depois deste registro fotográfico. Foi quando o Mestre Leo Imamura fez uma menção ao "grupo de mineiros", nos dando a autorização verbal para acessar formalmente o Sistema Ving Tsun, na Família Moy Yat Sang, iniciando os trabalhos em Belo Horizonte. Grão-Mestre Moy Yat despediu daquele nosso grupo perguntando: - Quanto tempo daqui fica a casa de vocês? Respondemos que eram cerca de nove horas, de ônibus. Ele continuou: - Fica longe... que dia vocês me levarão até lá? Foi quando eu respondi que um dia, com certeza. Grão-Mestre Moy Yat finalizou: - Na família Kung Fu, a palavra é uma promessa!

Tal promessa em levar meu Si Gung Moy Yat à minha cidade foi cumprida em 8 de setembro de 2000, dez anos mais tarde, quando ele visitou o Núcleo Belo Horizonte da Moy Yat Ving Tsun. Para atingir tal êxito, tive que aprender o Ving Tsun com meu Si Fu, dentro do processo "vida kung fu", termo que, desde 1990, ouvi de Moy Yat, sobre a forma em que ele ensinava Kung Fu, que não era somente composto de meras técnicas de combate.
Anderson Maia recebendo os mestres em sua escola, em Belo Horizonte (set/2000). 
Meu Si Fu Leo Imamura não mediu esforços para que eu, como seu discípulo, vencesse todas as dificuldades inerentes a esta prática, de apreciar o Ving Tsun por meio de uma rica relação com o mestre e a vida cotidiana. Foi graças a ele que cumprimos a promessa em receber Grão-Mestre Moy Yat em Belo Horizonte, dentre tantas outras conquistas, em todos estes anos.

Como em toda boa relação, saber ressignificar as experiências vividas, positivas ou não, dará sempre um novo aprendizado, onde uma outra dimensão se abre para aqueles mesmos fatos. Hoje, passados vinte e três anos daquele momento em que fui reconhecido membro da Família Moy Yat Sang, diante meu Si Fu e ainda com a auspiciosidade da presença de meu Si Gung Moy Yat e Si Bak Miguel Hernández, percebo a perspectiva que se abriu não somente para a minha vida, mas acima de tudo, para centenas e centenas de pessoas que puderam e podem até hoje compartilhar o Ving Tsun na Moy Yat Ving Tsun de Belo Horizonte.

Este potencial imanente nas pequenas coisas são as mais apreciadas no pensamento chinês. Muitas vezes não percebemos o quanto uma simples atitude pode transformar o mundo. O Kung Fu existe para exercitarmos estas sutilezas.

Por fim, para uma jornada nas artes marciais, é necessário que o indivíduo saiba sempre aprender, sendo, mais que um mestre, um eterno discípulo, vinculado ao seu mestre e honrando à sua genealogia.

Meus votos de gratidão ao grande Clã Moy Yat.


Anderson Maia (Moy On Da San), discípulo de Leo Imamura (Moy Yat Sang).

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

8 / 8 / 2013 - 25 Anos da Moy Yat Ving Tsun no Brasil

No dia 8/8/88 a Família Moy Yat Sang era reconhecida como uma legítima descendente do Clã Moy Yat. Grão-mestre Moy Yat concedia ao seu discípulo Leo Imamura (Moy Yat Sang) a condição de liderar uma família kung fu na América do Sul.
O ano de 2013, além do cinquentenário do Mestre Leo Imamura, é também o ano em que a Moy Yat Ving Tsun completa 25 anos no Brasil. Acompanhe a retrospectiva desta reluzente jornada:

1988 - Após vivenciar o Ving Tsun em Hong Kong, em 1987, Leo Imamura torna-se, nesta mesma turnê, discípulo de Grão-Mestre Moy Yat, em New York - EUA. Em sua segunda visita à sede mundial da MYVT, Moy Yat reconhece o esforço de seu discípulo brasileiro e autoriza-o oficializar a Família Moy Yat Sang. A data da fundação escolhida por Leo Imamura foi 8/8/88, devido à grande afinidade que este teria tal número, símbolo de prosperidade na China.
A placa de número 8 foi outorgada à Família Moy Yat Sang.
1989 - Grão-Mestre Moy Yat outorga o Jiu Paai de número 8 ao Mestre Leo Imamura, numa coleção de dez placas.
1990 - Primeira visita do Grão-Mestre ao Brasil, acompanhado do Mestre Miguel Hernández.
1991 - A MYVT ganha núcleos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e também na Argentina.
1992 - Grão-Mestre Moy Yat viaja pela segunda vez ao Brasil.
1993 - A sede da América do Sul, em São Paulo, ganha novas instalações, na Av. Cursino.
Seminário de Grão-Mestre Moy Yat em sua quarta visita ao Brasil.







1994 - Terceira visita de Grão-Mestre Moy Yat ao Brasil.
1995 - Mestre Leo Imamura inaugura uma nova sede da América do Sul, em São Paulo, na Hípica Santo Amaro, tornando-se uma das maiores escolas de Ving Tsun do continente.
1996 - Moy Yat, em sua quarta visita ao Brasil, realiza uma grande cerimônia de discipulado (Baai Si) e reconhece o primeiro grupo de tutores no Brasil (Biu Jee Certification).
1997 - A Família Moy Yat Sang viaja pela primeira vez à sede mundial em New York, para a cerimônia de aposentadoria de Grão-Mestre Moy Yat.
1998 - A Família Moy Yat Sang comemora seus dez anos e recebe Grão-Mestre Moy Yat no Rio de Janeiro, em sua quinta visita ao Brasil. 
1999 - Ocorre a primeira passagem de nível para o Baat Jaam Do, o último domínio do Sistema Ving Tsun, sendo o processo inicial para formação de mestres, concretizado em 2003.
O primeiro busto oficial de Moy Yat foi entregue em mãos para o Brasil.
2000 - Grão-Mestre Moy Yat visita pela última vez o Brasil. Em sua sexta viagem, conhece os núcleos de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Na sede central, deixa o seu primeiro busto oficial.
2001 - Com o falecimento de Moy Yat, em 23 de janeiro, a Família Moy Yat Sang se reestrutura, contando com o total apoio da Sra. Helen Moy, viúva do Grão-Mestre.
2002 - Helen Moy e William Moy, viúva e filho de Moy Yat, visitam o Brasil para estreitar os laços com a família Moy Yat Sang.
O Núcleo Belo Horizonte que prestigiou a titulação de Mestre de Anderson Maia, em março de 2003.
2003 - Reconhecimento dos primeiros mestres da Família Moy Yat Sang, elevando-a à condição de Clã. Na mesma ocasião, é lançado o Programa MYVT de Inteligência Marcial. 
2004 - O núcleo São Paulo ganha novo endereço, no Brooklin. Mais tarde, este Mo Gun dá lugar à Casa dos Discípulos do Clã Moy Yat Sang, que permanece até os dias atuais.
2005 - Publica-se o primeiro documento oficial da Genealogia da Família Moy Yat Sang, com dados sobre as nove gerações ascendentes do Mestre Leo Imamura.
O Livro de Pedra, o primeiro de uma trilogia sobre os Ving Tsun Kuen Kuit.
2006 - A obra "O Livro de Pedra do Ving Tsun" é lançado no Brasil, de autoria de Leonardo Mordente (https://www.facebook.com/olivrodepedradovingtsun).
2007 - O Clã Moy Yat Sang atinge o número de 108 discípulos. Na China, 108 é símbolo de "êxito completado".
2008 - A Família Moy Yat Sang completa vinte anos de existência e recebe os mestres Lester Lau e Nelson Chan, respectivamente representantes do Clã Moy dos EUA e Canadá.
O Clã Moy na porta do templo Shaolin do Sul (Nam Siu Lam Ji)
2009 - É lançado o projeto A Bordo do Junco Vermelho (www.onboardtheredboat.com), que visa explorar as raízes do Ving Tsun na China.
2010 - Leonardo Mordente lança o livro "Dr. Leung Jaan", no 70o. aniversário da Sra. Helen Moy, em New York.
2011 - O Clã Moy Yat Sang qualifica Úrsula Lima (Moy Lin Mah), tornando-se a primeira mulher a ter o título "Qualified Master" da International MYVT Federation.
A comitiva da viagem de 2012 à China no Museu de Ip Man.
2012 - O projeto A Bordo do Junco Vermelho retorna à China.
2013 - Helen Moy, líder do Clã Moy, visita o Brasil, acompanhada dos mestres sêniores Pete Pajil e Miguel Hernández, com grande comitiva. O motivo: o ciquentenário do Mestre Leo Imamura.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Mestre Leo Imamura em Belo Horizonte

Participantes do Encontro de Cham Kiu de 2013, em Belo Horizonte - MG.
O Núcleo Belo Horizonte, única escola licenciada da MYVT em Minas Gerais, foi representado no último dia 20 de julho pelos seguintes membros (foto acima), todos eles interessados em aprofundar sobre o domínio Cham Kiu, o nível intermediário do Sistema Ving Tsun, com a presença do mestre Leo Imamura, o líder do Clã Moy Yat Sang:

1. Mestre Anderson Maia (Moy On Da San), diretor do Núcleo Belo Horizonte e líder da Família Moy On Da San.
2. Mestre Leonardo Mordente (Moy Lei On), diretor de assuntos de língua chinesa e genealogia.
3. Ana Paula Mendonça (Moy Do Sa), coordenadora do Núcleo Belo Horizonte.
4. Cláudio Martinez (Moy Lung Yuet), tutor sênior do Núcleo Belo Horizonte.
5. Peter Hutchinson (Moy Fuh Mao), tutor sênior do Núcleo Belo Horizonte e coordenador em Lavras - MG.
6. Guilherme Freitas (Moy Fat Laai), tutor sênior do Núcleo Belo Horizonte.
7. Liana Lott (Moy Lai On Na), tutora sênior do Núcleo Belo Horizonte.
8. Rafael Castro (Moy Laai Faat), tutor sênior do Núcleo Belo Horizonte.
9. Pedro Valadão (Moy Wa Lai), tutor sênior do Núcleo Belo Horizonte.
10. William Nogueira (Moy Wai Lim), tutor sênior do Núcleo Belo Horizonte.
11. Rodrigo Giarola (Moy Lou Na), tutor sênior do Núcleo Belo Horizonte.
12. Bruna Piantino (Moy Ji No), tutora sênior do Núcleo Belo Horizonte.
13. Tiago Quintela (Moy Dei Na), tutor sênior do Núcleo Belo Horizonte.
14. Oscar Lima (Moy Lei Ma), tutor sênior do Núcleo Belo Horizonte.
15. Pedro Gontijo (Moy Go Ji), tutor pleno do Núcleo Belo Horizonte.
16. Paulo Figueiredo (Moy Lei Do), tutor pleno do Núcleo Belo Horizonte.
17. Helder Lima (Moy Wu Dei), tutor pleno do Núcleo Belo Horizonte.
18. Paulo Nolli (Moy Na Lei), tutor assistente do Núcleo Belo Horizonte.
19. Rodrigo Diniz, membro ativo do Núcleo Belo Horizonte.
20. César de Avelar, membro ativo do Núcleo Belo Horizonte.
21. Henrique Assis, membro ativo do Núcleo Belo Horizonte.
22. Luiz Loureiro, membro ativo do Núcleo Belo Horizonte.
23. Tatiana Cintra, membro ativo e monitora do Núcleo Belo Horizonte.
24. Túlio Castanheira, membro ativo do Núcleo Belo Horizonte.
25. Márcio Bessa, membro ativo do Núcleo Belo Horizonte.

Receber o mestre Leo Imamura em Minas Gerais já é um velho costume. Desde 1990, ano a ano, em pelo menos duas visitas anuais, os discípulos e alunos promovem eventos e acolhem o líder do Clã Moy Yat Sang.
Os participantes estudando o Chi Sau, o exercício "mestre"do Ving Tsun.
Muitas pessoas, de fora da MYVTMI, perguntam por que, após tantos anos, ainda há uma grande motivação para esta visita. São pelo menos três:

- fortalecer o vínculo com a descendência de Grão-Mestre Moy Yat ;
- cultivar o "Sam Faat", o método de aprendizagem através da relação, chamada de "Vida-Kung Fu" ;
- aprimorar e atualizar a visão do Sistema Ving Tsun, dentro de um dos seis domínios.

A próxima visita do Mestre Leo Imamura esta prevista para os dias 27 e 28 de setembro. A primeira data será para outorgar o Jiu Paai - a placa tradicional do legado - ao Mestre Leonardo Mordente. A segunda será para celebrar os 40 anos do Mestre Anderson Maia.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Dia Memorial do Ving Tsun - 45 Anos

Em meio a nova ascensão do grande mestre Ip Man (1893-1972), agora como um produto de cinema, seus verdadeiros descendentes, dentre estes a família Moy, não podem deixar de destacar a real figura humana do patriarca do Ving Tsun, por trás do mito que está surgindo no século XXI.

A comprovação de sua maestria reside numa cena, comum ao dia a dia do Jung Si: ele sentado, sempre relaxado, numa Taai Si Yi, a cadeira de mestre. A pergunta reflexiva é como uma pessoa ganha tamanha repercussão mundial, passando a vida praticamente ensinando Kung Fu sentado numa cadeira!? 
 
Ip Man, na vida real e retratado no filme, sentado numa "Taai Si Yi".
Há inúmeros fatos que comprovam o verdadeiro valor de Ip Man. Sua vida teve, pelo menos, quatro momentos distintivos e contrastantes: 

O primeiro, sua infância e juventude, como um herdeiro abastado que viveu em Foshan e em Hong Kong, quase como um príncipe, desfrutando do melhor da cultura chinesa e ocidental.
Ip Man e sua luxuosa vida, antes da guerra, em Foshan (retratado no filme The Grandmasters).
O segundo, a vida adulta, iniciada com um papel importante no círculo marcial quando, nos anos 30, deflagrava-se a guerra sino-japonesa. Ip Man muito sofreu por estar exercendo a função de chefe da guarda de segurança em Foshan, recusando aliar-se aos japoneses.
 
Ip Man, em filme, e uma cena real: invasão japonesa à China. 
O terceiro período, o final dos anos 40, com a China devastada e entrando a revolução comunista (chamada também de "maoísta"), levando a família Ip a perder suas posses, culminando no refúgio em Hong Kong. Lá, o patriarca recomeçou sua vida, introduzindo modestamente o Ving Tsun nesta então ilha britânica, na década de 50.
Ip Man, em fotos reais, conduzindo ensinamentos nos terraços de Hong Kong.
O decorrer dos anos 60, o quarto momento, até o ano de 1972, o patriarca Ip Man colheu os frutos de sua vasta experiência de vida, levando o Ving Tsun a uma febre em Hong Kong, ao mesmo tempo que, reservadamente, preservava os ensinamentos tradicionais de sua arte, cuidando de alguns dedicados discípulos.

Tamanha ascensão do Ving Tsun, propagada pelos discípulos que tornavam-se campeões dos Gong Sau, as lutas interestilos de Kung Fu, seguramente estas os primórdios do hoje denominado "MMA" (mix martial arts), fizeram de Ip Man em Hong Kong um mito. Ele não lutava, mas seus alunos, até mesmo iniciantes, se consagravam neste movimentado cenário de combate. Em paralelo, o prestigiado mestre tinha a polida relação, como um Si Fu, entre intelectuais, políticos e empresários, provando sua erudita educação. Em ambos os casos, ensinava sem sair de sua cadeira...

 
Uma cena real de um combate de rua e Ip Man em uma sessão privativa: mesma época em Hong Kong.
Esta dúbia condição, de prestígio nos guetos de combate à transmissão privativa do Ving Tsun entre a alta sociedade de Hong Kong, culminou numa preocupação do patriarca em oficializar o Ving Tsun como entidade jurídica. Sabe-se que, até então, somente os fatores tradicionais do Kung Fu eram bastantes para legalizar o Ving Tsun entre a sociedade. Porém, no governo britânico de Hong Kong, as tradições, por si só, não eram naquele momento suficientes para reconhecer um sério trabalho de artes marciais.

Todo este cenário fizeram o oitavo ancestral do Ving Tsun fundar, juntamente com os seus principais discípulos, a HONG KONG VING TSUN ATHLETIC ASSOCIATION, tornando-se a primeira entidade marcial de Hong Kong reconhecida juridicamente. A data fundadora deste registro: o quarto dia da sétima lua do ano chinês do macaco. No calendário moderno, a data ficou interpretada como "4 de julho de 1968". No ato de fundação, Ip Man decidiu que seria este o "Dia Memorial do Ving Tsun", recomendando todos os seus descendentes a valorizar a história dos mestres ancestrais do Ving Tsun Kuen.
Ip Man fazendo o depoimento para a fundação da HKVTAA.
Foi também neste dia que a transliteração do nome da arte passou a ser oficialmente com "VT". Wing Chun, como estava sendo divulgado, passou a ser a forma popular e suas iniciais - "WC" - não soava bem quando se está numa cidade onde banheiro se anuncia com as mesmas inicias (WC, de water closet).  
A histórica fachada da HKVTAA: aberta em Hong Kong até os dias de hoje.
Neste ano, completam-se assim 45 anos da fundação da HKVTAA. Naquela época, eram pouquíssimos que poderiam acreditar na dimensão que o Ving Tsun Kung Fu alcançou no mundo, década após década. Não é por acaso que, há muito, o tradicional círculo marcial de Foshan, cidade meca das artes marciais chinesas, costumam chamar Ip Man de "o visionário mensageiro do Ving Tsun!".

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Tributo ao Grão-Mestre Moy Yat

O grande Clã Moy Yat tinha o mês de junho como o de maior ascensão do ano. Isto por que seu líder, Grão-Mestre Moy Yat (1938-2001), comemorava seu aniversário no dia 28 deste. Era o momento em que todos os seus descendentes, em todo o mundo, viajavam para New York a fim de celebrar mais um ano de vida deste prestigiado artista marcial chinês. Foram assim nos anos 70, 80 e 90, até a sua partida, em 2001.
Grão-Mestre Moy Yat e seu antigo discípulo Micky Chan, como Mestre de Cerimônia do aniversário de 97.
Dentre muitas celebrações, uma representa bem a importância deste Grão-Mestre para o círculo marcial contemporâneo. O evento foi em junho de 1997, quando Moy Yat celebrou o seu aniversário e também a sua aposentadoria, no completar dos seus sessenta anos.
Grão-Mestre Moy Yat em junho de 1997: aniversário e aposentadoria aos 60 anos.
Chinatown de Manhathan, New York, foi o cenário desta grande festa, que reuniu quase mil pessoas. Foi também a primeira vez que a Moy Yat Ving Tsun do Brasil viajou com um grande número de membros, a convite do mestre Leo Imamura, discípulo de Moy Yat, que jamais perdeu um aniversário de seu mentor, desde o seu ingresso na família kung fu, em 1987.
A comitiva brasileira no aniversário de 60 anos do Grão-mestre Moy Yat.
Moy Yat, antes de receber tamanho prestígio, era o discípulo do patriarca Ip Man que organizava o aniversário deste último, em Hong Kong, nos anos 60. Sabia como ninguém organizar uma festa e tinha ciência que, principalmente naquela época, do disputado Mo Lam (círculo marcial), uma grande e bem organizada celebração daria o devido lugar ao seu Si Fu (mestre), como líder de um Si Mun (família kung fu) e notório membro da sociedade chinesa. A festa de Ip Man chegou a ocupar seis andares de um mesmo prédio, do famoso restaurante King Wah de Hong Kong, na avenida Nathan Road.
Entrada do grande "King Wah Restaurant", na Nathan Road, Hong Kong (foto de 1963).
Segundo os relatos do próprio Moy Yat, tal celebração em Hong Kong reunia tradições do Kung Fu e também protocolos ocidentais, já que os chineses desta ilha britânica passavam por transformações sociais. A banda de música, por exemplo, eram duas - uma chinesa e outra ocidental, a primeira agradando aos mais conservadores, como o aniversariante Ip Man, e a outra aos chineses mais modernos, que estavam tomando gosto pelo ocidente.
Brinde entre os convidados e discípulos do aniversário de Ip Man, nos anos 60. 
Alguns protocolos não podem faltar em uma festa de um líder do Kung Fu. Inicia-se com o Mestre de Cerimônia, geralmente o aluno mais velho - o Daai Dai Ji (o mais antigo discípulo de um mestre). Assim, são apresentados os discípulos mais antigos e os convidados de honra, enquanto as entradas e drinks já estão à mesa. Uma típica demonstração de Kung Fu, primeiro da própria linhagem e depois de outros estilos de Kung Fu, fazem parte da etiqueta. A Dança do Leão, no passado, também aparecia com frequencia. Vem o jantar, normalmente entre oito e treze pratos típicos, todos equilibrados e com auspicioso simbolismo. O Chef do restaurante oferta pratos especiais para o aniversariante, sempre meticulosamente decorados com temas, em sua homenagem. Durante os serviços, discretamente, uma mesa se levanta e os convidados dela cercam o felizardo do dia e, com as suas taças, desejam saúde e felicidade. Os hung bao (envelopes vermelhos da sorte) são entregues neste momento, sem alardes. Cada mesa procede assim, medindo o tempo, para que o aniversariante desfrute da festa e não se sinta incomodado. Enfim, o bolo é deixado em local de destaque, com os Baat Jaam Do (facas de corte) à disposição na mesa, esta coberta com toalha vermelha. Após as saudações, o aniversariante corta o bolo, mostrando sutileza e habilidade. As facas são retiradas imediatamente do local pelo Daai Dai Ji (elas podem indicar "energia assassina" que não convém ao dia). O aniversariante faz o seu depoimento, em agradecimento à festa e aos convidados. Um dos discípulos entrega o tecido de seda vermelho, com a assinatura colhida dos convidados presentes e as palavras gravadas de felicitações, como recordação daquele dia. A banda de música então toma conta do lugar, até que o salão evacue. Os convidados levam sempre uma recordação para casa, um pequeno adorno com o registro do aniversário.
Ip Man e o jovem Moy Yat, que organizava os aniversários do patriarca.
Tamanha dedicação de Moy Yat à Ip Man, em seus aniversários e no dia a dia, somente poderia resultar num mesmo apreço dos seus discípulos nas décadas posteriores, em New York. O aniversário de Moy Yat de 1997, assim como muitos outros, eram uma reprodução das festas de Ip Man dos anos 60. Uma prova que no Kung Fu as coisas sempre andam de mãos dadas, quando se tem o Sam Faat, ou seja, o "método do sentimento" envolvido.
Sra. Helen Moy em seu aniversário, com os principais discípulos de Moy Yat.
Atualmente, o grande Clã Moy Yat faz do aniversário da viúva do Grão-mestre, Sra. Helen Moy, no mês de novembro, o seu gesto de união e força. É assim que o legado de Moy Yat continua vivo. É desta forma que os descendentes e admiradores do Grão-Mestre continuarão a celebrar o seu saudoso aniversário...