quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Lançamento do projeto "Kuen Kuit" nos EUA encerra o ano

Em todos os anos, a International Moy Yat Ving Tsun Federation - suas lideranças e membros de todo o mundo - se reúnem em Nova York para celebrar o aniversário da líder maior do Clã, Sra. Helen Moy.
O salão da festa prestes a receber as centenas de convidados, na foto oficial.
Aproveitando a reunião desse prestigiado círculo marcial, a comitiva brasileira dessa viagem, liderada pelo Mestre Leo Imamura, teve a oportunidade de lançar mais uma inédita empreita do legado de Grão-Mestre Moy Yat: o lançamento do pôster "Ving Tsun Kuen Kuit" - os provérbios marciais do Ving Tsun - expondo em papel os 51 selos da famosa obra produzida em pedra ainda nos anos 60 e 70, em Hong Kong.
Mestre Leo Imamura e seu discípulo, Mestre Leonardo Mordente.
O autor desta produção gráfica é o Mestre Leonardo Mordente, discípulo do Mestre Leo Imamura e criador do projeto A Bordo do Junco Vermelho. Com o total apoio do filho do Grão-Mestre, Mestre William Moy, a viagem de 2014 aos Estados Unidos girou em torno desse lançamento. Veja agora como foi a rotina de mais uma turnê do Kung Fu:

1.o dia: Encontro com o Mestre Miguel Hernandéz
Mestre Miguel Hernandéz é há décadas o anfitrião dos brasileiros em Nova York, recebendo sempre em sua casa os membros da família kung fu do Brasil.
Mestres Miguel Hernandéz e Leo Imamura no Mo Gun do Brooklin NY.
Após o típico yam cha (desjejum chinês) e a visita em sua escola, no Brooklin, ele foi o primeiro norte-americano a apreciar o novo projeto sobre os Kuen Kuit.
Mestre Leonardo Mordente apresentando as fotos dos selos "Kuen Kuit".
2.o dia: Encontro com o Mestre William Moy e aniversário da líder
A Moy Yat Ving Tsun do Mestre William Moy está situada na região do Queens de Nova York. A comitiva brasileira foi ao encontro do herdeiro de Moy Yat para fazer a mostra do novo projeto.
Mestre William Moy e Sr. Michael Wong recebendo o inédito pôster.
Vale ressaltar que o Mestre William Moy co-lidera essa nova empreita, por ter autorizado realizar o registro e selagem das pedras da obra Kuen Kuit (vide matéria da última turnê aos EUA).
Mestres e membros na escola de William Moy, no Queens.
- O Aniversário da líder do clã, Sra. Helen Moy -
O famoso restaurante Asian Jade foi mais uma vez o local escolhido para a celebração. Pessoas de todo o mundo - EUA, Canadá, China e Brasil - estiveram presentes para prestigiar a Sra. Helen Moy em seus 74 anos de idade.
O concorrido momento dos parabéns à líder do clã.
Após a Sra. Helen Moy receber todos os convidados ela ordenou que seu filho e seu discípulo do Brasil - respectivos mestres William Moy e Leo Imamura, fizessem o lançamento do projeto "Ving Tsun Kuen Kuit".
Mestre Leo Imamura anunciando o apoio do Mestre William Moy ao projeto.
3.o dia: Visita à lápide de Grão-Mestre Moy Yat
Sempre acompanhada da viúva e do filho, os membros da Moy Yat Ving Tsun visitam a lápide de Grão-Mestre Moy Yat, um dia após a festa de aniversário da Sra. Helen Moy. O momento é de grande respeito ao fundador do Clã, mas também serve, na cultura chinesa, para confraternização, como se o falecido estivesse ali entre os seus entes.
A família Moy Yat na lápide do Grão-mestre, sob o rigoroso inverno norte-americano.


4.o e 5.o dias: Encontro com o Mestre Pete Pajil
Já é tradição da comitiva brasileira nos EUA visitar, além das escolas de NY, o respeitado mogun do Mestre Pete Pajil, na Filadélfia.

Pete Pajil sempre foi um grande apoiador dos projetos da MYVT e dessa vez não foi diferente com o pôster e os futuros lançamentos gráficos da obra Ving Tsun Kuen Kuit, permitindo uma delongada e rica palestra de Leonardo Mordente sobre o tema.
Pete Pajil e Leonardo Mordente na mostragem do pôster.
Além do pôster, foi apresentado as fotos em fineart dos selos, como próximo passo do projeto.
Mostragem dos selos em fotos: próxima etapa sobre os "Kuen Kuit".
6.o dia: Encontro com o Mestre Henry Moy
Mestre Henry Moy é um respeitado discípulo de Grão-Mestre Moy Yat que começou na família kung fu ainda em Hong Kong, tendo ele também migrado nos anos 70 para Nova York.
Mestre Henry Moy apresentando o pôster aos seus alunos.
Sua escola está estabelecida no Brooklin há anos e ele é muito respeitado pelo círculo marcial chinês. A gentileza comum a todo grande mestre permitiu que o Mestre Leo Imamura e seu discípulo, Mestre Leonardo Mordente, palestrassem para os discípulos e alunos do Si Fu Henry Moy.
Palestra sobre os Kuen Kuit na escola do Mestre Henry Moy.
7.o dia: Despedida de viagem com a Sra. Helen Moy
O último dia da turnê aos EUA sempre é reservado um alegre jantar com a Sra. Helen Moy. Nele fica a gratidão dos intensos dias passados durante a viagem e a promessa de futuros encontros, fortalecendo os laços de comprometimento e união do grande Clã Moy Yat.
Sra. Helen Moy: exemplo de liderança no Kung Fu.
O novo projeto VING TSUN KUEN KUIT pode ser apreciado pelo website www.vingtsunkuenkuit.com. No Brasil, o pôster e apresentação do projeto será lançando no dia 23 de janeiro de 2015, em Belo Horizonte. O círculo marcial brasileiro está, desde já, convidado.

A Moy Yat Ving Tsun de Belo Horizonte deseja à todos os seus membros e apreciadores um feliz fim de ano, que o ano chinês do cavalo possa ter deixado boas lembranças aos artistas marciais!


(A comitiva brasileira dessa viagem foi composta por Mestre Leo Imamura e seus discípulos, mestres Nataniel Rosa, Julio Camacho, Leonardo Mordente e Domênico Bernardes, além de Patrícia Hallack e Chadi Nasser. Fotos do post cortesia do Mestre Nataniel Rosa)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Série "Marco Polo" resgata o primeiro contato Europa-China

No próximo dia 12/12 o mundo do entretenimento irá lançar uma super produção: Marco Polo (EUA, 2014 / Netflix). O italiano de Veneza, Marco Polo (1254-1304) é dito como o primeiro mercador e aventureiro europeu a ter contato com a cultura chinesa, vivendo junto ao então império mongol por cerca de duas décadas.

Seu livro de memórias Il Milione (no Brasil conhecido como As viagens ou O Livro das Maravilhas) relata a experiência com aquele que fora o maior império de todos os tempos - 1/5 do território habitável do mundo - sob o domínio de Kublai Khan, neto do grande Gêngis Khan, sendo a primeira dinastia não-chinesa (da Mongólia, norte da Ásia) a tomar a China, entre 1271 e 1368.
Fac-simile do antigo livro de Marco Polo: distribuído pela Europa no século XIV.
Marco Polo teve contato com uma cultura distante e isolada da sua, mas surpreendentemente muito avançada em relação à época. O Império Mongol, chamado na China como Dinastia Yuan, foi sucessora da Dinastia Song, esta última tida como uma das mais prósperas sociedades do mundo, principalmente em termos bélicos e no campo das artes - marciais e literárias. O primeiro imperador mongol herdou toda esta tecnologia para dominar a maior expansão chinesa de sua história.
Império Mongol: o maior da história da humanidade.
Dois exemplos mostram a herança dos Song para os Yuan: o famoso e antigo livro Sunzi Binfa, conhecido aqui como A Arte da Guerra de Sun Tzu, tem o seu manuscrito mais difundido na China justamente da Dinastia Song. Vale lembrar que tal tratado de guerra é do Período dos Estados Combatentes, ou seja, mais de mil anos antes da tomada do poder mongol. Outro exemplo foi a eficaz iniciativa dos Yuan em produzir, em larga escala, as invenções bélicas dos Song, registrados na obra Wujing Zongyao.
Pintura de Marco Polo com arco e espada chinesas.
Em relação às artes marciais, nesse período já estavam consolidadas às duas escolas monásticas clássicas, de Shaolin e Wudang, que se beneficiaram das empreitas de guerra e expansão dos mongóis, para formação e provimento dos exércitos. É dito que foi nesta época que as espadas chinesas influenciaram a tecnologia de forja de armas de outros territórios vizinhos, como o Japão e oriente médio.
Militar chinês contemporâneo a Marco Polo. Mesmas armas.
As exageradas investidas territoriais e atenção bélica do império mongol fizeram com que estradas e infra-estrutura para rotas de comércio evoluíssem sem precedentes na China. Foi isto que possibilitou o veneziano Marco Polo e tantos outros não chineses tomarem contato com a cultura chinesa. Rota da Seda, Rota do Chá e Rota das Especiarias são bons exemplos desses intercâmbios.
A suposta rota comercial de Marco Polo.
O grande erro de Kublai Khan foi não investir em cultura e educação, segundo os sinólogos atuais. O grande imperador mongol aboliu os concursos para cargos públicos, há muito instaurados na China e de grande interesse de milhares de intelectuais. Com isto, a já evoluída língua e os textos clássicos chineses, matérias das rigorosas provas dos concursos, deixaram de ser apreciados pelo povo. A preocupação por poder e expansão bélica desvalorizava a outra rica parte da herança dos Song, onde a literatura e as artes foram evidenciadas.

O declínio da Dinastia Yuan ocorreu com o movimento de camponeses, os chineses originários Han, para derrubar os mongóis. Neste tempo, os templos Shaolin e Wudang já não obtinham recursos do império e se juntaram aos homens da terra. Surgiu assim a Dinastia Ming (1368-1644). Os monges guerreiros lutaram por séculos em favor dos Ming. Por esta razão, os estilos de Kung Fu evoluíram ainda mais neste período, principalmente na China Meridional, quando surgiu o templo Shaolin do Sul, em Fukien, de onde se origina o Ving Tsun Kuen.

A primeira temporada da série Marco Polo tem tudo para mostrar a magnitude da antiga cultura e artes marciais chinesas. Uma boa analogia para o público refletir por que a China é hoje a provável potência do século XXI.

Assista ao making-of  sobre o treinamento marcial da nova série: