quinta-feira, 22 de agosto de 2013

22 de agosto de 1990, 23 anos atrás (Por Anderson Maia)

Anderson Maia, sentado no chão, abaixo do Mestre Leo Imamura e Grão-Mestre Moy Yat, em 22/8/90.
A foto acima tem uma grande representatividade, pessoalmente e para muitos outros. Era o dia 22 de agosto de 1990, o último dia da primeira visita do Grão-Mestre Moy Yat no Brasil.

O Mestre Leo Imamura, então líder (Si Fu) da recém fundada família Moy Yat Sang, tinha a sua modesta escola (Mo Gun) na cidade de São Paulo. Aquela pequena sala, que com pouca gente já se tornava lotada, aspirava, com convicção, ser a sede da Moy Yat Ving Tsun na América do Sul. 

A autorização de Grão-Mestre Moy Yat para Leo Imamura fundar a família Moy Yat Sang veio em 1988. Em 1989, chegou um documento escrito do Grão-Mestre autorizando seu discípulo brasileiro a utilização da denominação "Moy Yat Ving Tsun" na América do Sul. O coroamento deste processo se deu em 1990, nesta visita de Moy Yat ao Brasil.

Eu era um jovem, com dezesseis anos de idade. Um entusiasta do Kung Fu, que viajava com um grupo de Belo Horizonte, dentre eles Marcone Abdo e Rogério Baeta, na esperança de ser admitido nesta família Kung Fu, do Si Fu Leo Imamura.

Após passar por experiências fascinantes naquela semana, presenciando um seminário de Grão-Mestre Moy Yat para setecentas pessoas num auditório à encontros reservados no Mo Gun, com palestras e também sessões práticas de Ving Tsun, estas ministradas pelo Mestre Miguel Hernández, discípulo de Moy Yat que o acompanhava no Brasil, chegou o último dia do evento, retratado na foto supracitada.

A comitiva de Belo Horizonte se preparava para ir embora, logo depois deste registro fotográfico. Foi quando o Mestre Leo Imamura fez uma menção ao "grupo de mineiros", nos dando a autorização verbal para acessar formalmente o Sistema Ving Tsun, na Família Moy Yat Sang, iniciando os trabalhos em Belo Horizonte. Grão-Mestre Moy Yat despediu daquele nosso grupo perguntando: - Quanto tempo daqui fica a casa de vocês? Respondemos que eram cerca de nove horas, de ônibus. Ele continuou: - Fica longe... que dia vocês me levarão até lá? Foi quando eu respondi que um dia, com certeza. Grão-Mestre Moy Yat finalizou: - Na família Kung Fu, a palavra é uma promessa!

Tal promessa em levar meu Si Gung Moy Yat à minha cidade foi cumprida em 8 de setembro de 2000, dez anos mais tarde, quando ele visitou o Núcleo Belo Horizonte da Moy Yat Ving Tsun. Para atingir tal êxito, tive que aprender o Ving Tsun com meu Si Fu, dentro do processo "vida kung fu", termo que, desde 1990, ouvi de Moy Yat, sobre a forma em que ele ensinava Kung Fu, que não era somente composto de meras técnicas de combate.
Anderson Maia recebendo os mestres em sua escola, em Belo Horizonte (set/2000). 
Meu Si Fu Leo Imamura não mediu esforços para que eu, como seu discípulo, vencesse todas as dificuldades inerentes a esta prática, de apreciar o Ving Tsun por meio de uma rica relação com o mestre e a vida cotidiana. Foi graças a ele que cumprimos a promessa em receber Grão-Mestre Moy Yat em Belo Horizonte, dentre tantas outras conquistas, em todos estes anos.

Como em toda boa relação, saber ressignificar as experiências vividas, positivas ou não, dará sempre um novo aprendizado, onde uma outra dimensão se abre para aqueles mesmos fatos. Hoje, passados vinte e três anos daquele momento em que fui reconhecido membro da Família Moy Yat Sang, diante meu Si Fu e ainda com a auspiciosidade da presença de meu Si Gung Moy Yat e Si Bak Miguel Hernández, percebo a perspectiva que se abriu não somente para a minha vida, mas acima de tudo, para centenas e centenas de pessoas que puderam e podem até hoje compartilhar o Ving Tsun na Moy Yat Ving Tsun de Belo Horizonte.

Este potencial imanente nas pequenas coisas são as mais apreciadas no pensamento chinês. Muitas vezes não percebemos o quanto uma simples atitude pode transformar o mundo. O Kung Fu existe para exercitarmos estas sutilezas.

Por fim, para uma jornada nas artes marciais, é necessário que o indivíduo saiba sempre aprender, sendo, mais que um mestre, um eterno discípulo, vinculado ao seu mestre e honrando à sua genealogia.

Meus votos de gratidão ao grande Clã Moy Yat.


Anderson Maia (Moy On Da San), discípulo de Leo Imamura (Moy Yat Sang).

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